Os senhorios, por um lado, procuram rentabilizar o seu investimento, mas, por outro, devem estar atentos ao que o mercado está disposto a pagar. Os inquilinos, por sua vez, estão cada vez mais atentos às ofertas com o valor mais acessível possível. A boa notícia é que existem várias formas de calcular a renda de forma equilibrada e justa para ambas as partes.
Quais São os Fatores Que Definem o Valor de Uma Renda?
A determinação do valor da renda envolve vários fatores que os senhorios devem ter em conta. Estes não se limitam apenas ao valor de aquisição do imóvel ou à localização, mas incluem uma série de despesas correntes associadas à manutenção da casa e ao financiamento da sua compra. Aqui estão os principais custos que devem ser considerados ao calcular o valor da renda:
– Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI): Este imposto, que incide sobre o valor patrimonial do imóvel, é uma das despesas obrigatórias que os senhorios devem ter em conta. – Imposto sobre as Rendas: O senhorio deve pagar imposto sobre as rendas que recebe, e este valor pode variar conforme a receita gerada. – Quotas de Condomínio: Os encargos mensais do condomínio são outra despesa importante, especialmente em apartamentos e em áreas com serviços comuns. – Seguro Multirriscos: Este seguro, que cobre danos causados ao imóvel e aos bens nele contidos, é essencial para garantir a proteção do investimento.
Além destes custos fixos, é prudente que o senhorio tenha uma margem de poupança para despesas imprevistas, como reparações ou manutenção, e também para garantir que o imóvel continue a ser rentável, mesmo que fique vazio durante algum tempo. Caso tenha um crédito habitação associado ao imóvel, este também deve ser considerado nas contas.
Despesas Dedutíveis no IRS
É importante lembrar que certos custos associados ao imóvel podem ser deduzidos no IRS, o que pode ajudar a reduzir a carga tributária do senhorio. Entre as despesas dedutíveis estão:
– Manutenção e reparação do imóvel, incluindo pintura e pequenas reparações; – Custos com iluminação e aquecimento central; – O IMI e encargos com seguros (como o seguro multirriscos e o seguro de vida) também são dedutíveis.
Crédito à Habitação: Um Elemento Crucial para Casas para Arrendar
O crédito habitação desempenha um papel fundamental na compra de imóveis destinados ao arrendamento. Dado que a maioria das pessoas não tem a totalidade do valor necessário para comprar uma casa, recorrer ao crédito é uma prática comum. No entanto, é importante que o cliente informe o banco sobre a sua intenção de arrendar a casa. Se a compra for exclusivamente para arrendamento, o contrato de crédito refletirá essa finalidade, tanto nas condições quanto no spread proposto pelo banco.
Se, no entanto, o senhorio decidir arrendar a sua casa depois de ter adquirido o crédito, deverá notificar o banco, que pode renegociar o spread, dependendo da situação. No entanto, existem exceções: caso um dos membros do agregado familiar esteja desempregado ou se o local de trabalho mudar para uma distância superior a 50 km, o banco pode optar por não renegociar o spread.
Se as condições propostas pelo banco não forem favoráveis, o senhorio tem sempre a opção de transferir o crédito para outra instituição financeira que ofereça melhores condições. O mesmo se aplica aos seguros associados ao crédito, como o seguro multirriscos e o seguro de vida, que podem ser contratados diretamente com outras seguradoras, caso o senhorio considere mais vantajoso.
Exemplo Prático de Cálculo do Valor da Renda
Para ilustrar como os senhorios podem calcular o valor da renda de forma justa, vamos analisar o exemplo do Ana e Carlos, um casal jovem que comprou um T2 em Lisboa por 140 mil euros com a finalidade de arrendamento. Para isso, recorreram a um crédito habitação com uma prestação mensal de 400 euros. Vamos calcular os custos mensais envolvidos:
– IMI (140.000€ x 0,3% / 12) = 35€ – Seguro Multirriscos (150€ / 12) = 12,5€ – Seguro de Vida (300€ / 12) = 25€ – Prestação mensal do crédito habitação = 400€ – Despesas de condomínio = 10€
Somando estes valores, temos um total de 472,5€. Além disso, é necessário considerar uma poupança para garantir dois meses de desocupação por ano, o que acrescenta cerca de 96,5€ mensais. A estes valores, deve ser adicionado o imposto de renda, que representa 28% do valor da renda calculada, resultando em um total de 741,12€.
Portanto, neste exemplo, para garantir que o casal não tenha prejuízo, a renda mínima que devem cobrar será de 741,12€.
A Importância da Comparação no Mercado de Crédito Habitação
Se o casal tivesse já terminado de pagar o crédito à habitação, a margem de lucro seria mais elevada. No entanto, como o crédito ainda está em vigor, o segredo para garantir a rentabilidade está na comparação do mercado e na escolha da oferta de crédito mais vantajosa. O spread do crédito à habitação pode fazer uma diferença significativa no valor das prestações mensais e, consequentemente, no valor da renda que será cobrada aos inquilinos.
Conclusão: A Rentabilidade no Arrendamento de Casas
Calcular o valor ideal da renda de uma casa para arrendar em Portugal envolve uma série de fatores, desde as despesas com o imóvel até o crédito habitação e os encargos fiscais. É fundamental que os senhorios façam uma análise cuidadosa de todos os custos envolvidos para garantir que o investimento seja rentável, sem sobrecarregar os inquilinos com valores excessivos.
A chave para o sucesso no arrendamento está na gestão eficaz destes custos e na adaptação ao mercado. Ao compreender os encargos e ao escolher as melhores opções de crédito habitação, os senhorios poderão assegurar uma renda justa e equilibrada para ambas as partes.