Introdução
O mercado de crédito habitação em Portugal tem demonstrado uma dinâmica interessante ao longo dos últimos meses, com alguns indicadores a mostrar uma ligeira desaceleração, ao mesmo tempo que outros permanecem estáveis ou em crescimento. Entre os dados mais recentes, destaca-se uma leve queda no montante de novos contratos, mas ainda assim a situação continua a ser positiva, especialmente em comparação com os níveis mais baixos do passado. Neste artigo, vamos explorar as principais tendências que marcaram o mercado de crédito habitação em novembro de 2024, as medidas fiscais que influenciam as escolhas dos consumidores e a evolução das taxas de juro, entre outros aspetos essenciais que os portugueses devem conhecer.
Introdução ao Crédito Habitação em Portugal
O crédito habitação é uma das áreas mais relevantes do sistema bancário português, com um impacto direto na economia das famílias e no mercado imobiliário. Em 2024, a concessão de crédito para a compra da casa própria registou uma ligeira diminuição entre outubro e novembro, mas ainda assim manteve-se em níveis elevados, o que demonstra a robustez do setor. Em novembro de 2024, o valor total de novos contratos de crédito habitação foi de 1.667 milhões de euros, uma queda de 10 milhões de euros em comparação com o mês anterior. Embora essa diminuição não seja significativa, é importante observar o contexto global e os fatores que influenciam este comportamento do mercado.
A redução nas taxas de juro tem sido um dos principais fatores que ajudaram a manter o mercado de crédito habitação atraente, especialmente para aqueles que procuram garantir uma prestação mensal mais acessível. Além disso, medidas fiscais direcionadas, como a isenção de IMT para jovens, também têm influenciado diretamente a dinâmica do mercado. O objetivo deste artigo é explorar esses fatores, discutir as tendências atuais e fornecer uma análise detalhada sobre como o crédito habitação está a evoluir no país.
A Influência das Taxas de Juro nas Renegociações
Uma das questões mais comentadas no mercado financeiro português em 2024 tem sido a evolução das taxas de juro, especialmente a Euribor, e o seu impacto nas renegociações de crédito habitação. O Banco Central Europeu (BCE) iniciou o ciclo de cortes nas suas taxas de juro em junho de 2024, e este movimento refletiu-se rapidamente nos juros das operações de crédito habitação, proporcionando um alívio significativo para muitas famílias. Entre maio e novembro de 2024, a Euribor a seis meses, que é um dos principais indexantes usados nos contratos de crédito habitação, caiu de 3,82% para 2,70%.
Essa redução das taxas de juro teve um impacto direto nas renegociações, com muitos mutuários a aproveitarem a oportunidade para ajustar as suas condições de pagamento. Em novembro de 2024, o montante de renegociações caiu para 521 milhões de euros, uma diminuição de 27 milhões em relação ao mês anterior. Esta queda nas renegociações reflete a diminuição da pressão sobre os mutuários, que, com a redução das taxas de juro, conseguiram ajustar as suas prestações sem a necessidade de renegociar.
Além disso, a diminuição da taxa de juro média dos novos contratos de crédito habitação também contribuiu para este fenómeno. A taxa média passou de 4,29% para 3,29% entre novembro de 2023 e novembro de 2024, um valor que não era observado desde janeiro de 2023. Esse movimento foi bem recebido pelo mercado, especialmente pelos jovens compradores de primeira habitação, que, além das taxas de juro mais baixas, beneficiaram de isenções fiscais significativas.
O Impacto das Medidas Fiscais e a Isenção de IMT
Em agosto de 2024, o governo português introduziu uma medida que has been greatly beneficial for young people under 35: a isenção de IMT (Imposto Municipal sobre as Transmissões Onerosas de Imóveis) e do imposto do selo na compra de imóveis até um determinado valor. Esta isenção visou impulsionar a compra de habitação própria permanente entre os jovens, especialmente numa altura em que o mercado imobiliário estava a enfrentar pressões devido ao aumento das taxas de juro.
De acordo com os dados do Banco de Portugal, em novembro de 2024, 48% dos novos contratos de crédito habitação foram concedidos a jovens com menos de 35 anos. Este grupo foi claramente beneficiado pela medida, o que se refletiu no volume de novos contratos concedidos. A medida foi inicialmente aplicada para imóveis até 316.772 euros, mas, desde o início de 2025, esse valor subiu para 324.058 euros, o que pode continuar a incentivar os jovens a adquirirem a sua casa própria.
O impacto destas isenções fiscais é evidente no comportamento dos consumidores. A redução da carga fiscal sobre a compra de imóveis ajudou a aliviar as dificuldades financeiras de muitos jovens, permitindo-lhes adquirir a sua habitação sem os custos adicionais que, anteriormente, poderiam ter dificultado a sua capacidade de compra.
Taxa Variável e Taxa Mista: Tendências e Preferências
Um dos aspectos que merece atenção no mercado de crédito habitação português em 2024 é a evolução das taxas de juro variáveis e mistas. A taxa variável, que dominava o mercado de crédito habitação em anos anteriores, começou a recuperar em 2024, após um longo período de queda. Embora tenha sido escolhida por apenas 19% dos novos contratos de crédito habitação em novembro, a taxa variável tem demonstrado sinais de recuperação ao longo dos últimos meses, estando presente em 64% dos contratos totais. Em 2022, a taxa variável correspondia a mais de 95% dos empréstimos, o que demonstra uma mudança substancial nas preferências dos consumidores.
Por outro lado, a taxa mista, que combina elementos das taxas fixas e variáveis, tem-se tornado cada vez mais popular. Desde outubro de 2023, a taxa mista tem sido a preferida dos novos contratos, sendo escolhida por 76% dos empréstimos em novembro de 2024. A sua popularidade tem vindo a crescer devido à flexibilidade que oferece, permitindo aos mutuários beneficiar de uma taxa fixa durante os primeiros anos do contrato e, posteriormente, uma taxa variável.
A Situação do Crédito Malparado
Apesar das flutuações nas taxas de juro e nas condições do mercado, o crédito malparado em Portugal continua a ser um tema de interesse. Em novembro de 2024, o crédito malparado no crédito habitação manteve-se estável, com um rácio de incumprimento de apenas 0,3% do total de crédito concedido. Este valor tem permanecido consistentemente baixo desde novembro de 2023, o que é uma boa notícia tanto para os bancos como para os mutuários. Em comparação com o crédito ao consumo, o crédito habitação apresenta níveis de incumprimento muito mais baixos, o que reflete a solidez do mercado imobiliário e a capacidade das famílias em cumprir os seus compromissos financeiros.
Em contrapartida, o crédito malparado no crédito ao consumo e outros fins registou uma ligeira diminuição, caindo para 2,7% em novembro de 2024. Este valor continua a ser muito mais baixo do que os níveis observados em anos anteriores, como em 2015, quando o incumprimento atingiu os 13,5% no crédito ao consumo. O facto de o crédito malparado se manter em níveis baixos sugere uma recuperação económica no país e uma maior capacidade de pagamento das famílias.
Conclusão
O mercado de crédito habitação em Portugal apresenta uma série de tendências positivas e, ao mesmo tempo, desafios que devem ser acompanhados de perto. A ligeira queda no montante de novos contratos entre outubro e novembro de 2024 pode ser vista como uma desaceleração moderada, mas que não reflete um cenário negativo, especialmente tendo em conta o contexto atual de taxas de juro mais baixas e a crescente procura de crédito por parte dos jovens.
As isenções fiscais introduzidas pelo governo têm sido um fator determinante para o aumento do crédito habitação entre os jovens, enquanto a queda das taxas de juro tem proporcionado um alívio tanto nas renegociações quanto nos novos contratos. As preferências dos consumidores também têm mudado, com a taxa mista a ganhar popularidade, e a taxa variável a recuperar terreno após uma longa queda.
Apesar da leve diminuição do montante de novos contratos, o crédito habitação continua a ser uma área vital para a economia portuguesa, e as previsões para 2025 apontam para um ano de estabilidade, com a possibilidade de um crescimento moderado. Com os dados actuais, parece que o setor de crédito habitação está bem posicionado para enfrentar os desafios futuros, mantendo-se robusto e estável.
Para mais informações, fala com a equipa do PoupaDinheiroPT. Todos os impostos, seja o IS, ou o IMT, ou o IMI, têm um peso grande quando pretendes calcular a prestação de crédito habitação, ou quando solicitas um crédito. Este facto é importante saber quando calculas a prestação do imóvel a pagar.
Qualquer questão, fala connosco.
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