Habitação: Escassez mantém pressão sobre preços das casas - Poupa Dinheiro

Introdução

O mercado imobiliário português tem vivido um período de altos e baixos ao longo dos últimos anos. A escassez de habitação e o aumento dos custos de construção são dois dos principais fatores que têm pressionado o preço das casas para cima, dificultando o acesso à habitação para muitas famílias. A recente análise da Comissão Europeia sobre o setor revela uma série de tendências e desafios para o futuro próximo, desde a escassez de oferta até às políticas de taxas de juro. Neste artigo, vamos analisar a situação atual do mercado imobiliário em Portugal, explorando as principais causas da subida dos preços, o impacto da escassez de habitação e as perspetivas para o futuro. Além disso, discutiremos como a política do Banco Central Europeu (BCE) está a afetar o mercado, nomeadamente através das taxas de juro. O objetivo é oferecer uma visão clara e detalhada do panorama atual e das expectativas para 2025.

Mercado Imobiliário em Portugal: Panorama Atual

O mercado imobiliário em Portugal tem-se mantido resiliente, apesar das flutuações económicas que marcaram os últimos anos. A crise financeira global de 2008 deixou marcas profundas no setor, mas a recuperação tem sido evidente desde 2014, com o aumento da procura, especialmente nas grandes cidades e regiões turísticas. No entanto, a Comissão Europeia alerta para a escassez de oferta de habitação e o aumento dos custos de construção como fatores que podem continuar a pressionar os preços.

Em setembro de 2024, o montante de empréstimos à habitação atingiu o valor mais elevado desde 2015, refletindo uma recuperação do crédito, mas também a incapacidade de muitos portugueses de adquirirem casa sem recorrer a financiamento. Este fenômeno tem uma explicação multifacetada. Além da escassez de imóveis no mercado, a falta de mão-de-obra qualificada na construção civil tem retardado a oferta de novas casas, o que agrava ainda mais a situação. A procura, por sua vez, continua a ser sustentada pela força do mercado laboral e pelas baixas taxas de juro, que, apesar de já terem começado a subir, ainda mantêm condições favoráveis para quem recorre ao crédito.

A Escassez de Oferta e os Custos de Construção

A escassez de oferta no mercado imobiliário português é um problema crónico que se agravou nos últimos anos. De acordo com os dados da Comissão Europeia, um dos principais fatores que contribuem para esta escassez é o aumento dos custos de construção. Estes custos têm subido de forma significativa, impulsionados pelo aumento dos preços dos materiais de construção e pela falta de mão-de-obra qualificada na construção civil. O mercado de trabalho português não tem conseguido responder adequadamente a esta demanda crescente, o que tem provocado um atraso na conclusão de novas obras e na entrega de novos imóveis.

Além disso, a burocracia e as dificuldades associadas à aprovação de novos projetos imobiliários também têm sido um obstáculo. O processo de licenciamento de obras, que deveria ser célere, tem-se revelado moroso, o que tem atrasado ainda mais a oferta de novas construções. Esse cenário cria uma situação paradoxal: por um lado, a procura por casas aumenta devido ao crescimento da população e ao interesse de investidores estrangeiros, mas, por outro lado, a oferta permanece estagnada.

O Impacto dos Investidores Não Residentes

Outro fator relevante para entender a evolução do mercado imobiliário português é a forte presença de investidores não residentes. Muitos investidores estrangeiros, atraídos pela estabilidade económica e pelas oportunidades no setor imobiliário, têm adquirido imóveis em Portugal, especialmente em Lisboa, Porto e nas regiões turísticas do Algarve e da Madeira. Este movimento tem impulsionado os preços, uma vez que a procura de imóveis de qualidade e bem localizados tem superado a oferta existente.

A Comissão Europeia destaca que os investidores não residentes têm desempenhado um papel significativo no aumento dos preços das casas. Este fenómeno é visível não só na compra de imóveis de luxo, mas também na aquisição de apartamentos e casas em áreas mais periféricas, o que tem elevado os preços em várias regiões do país. Embora a presença de investidores estrangeiros seja benéfica para a economia, uma vez que atrai capital e gera empregos, também tem contribuído para a dificuldade de acesso à habitação por parte dos cidadãos portugueses.

O Papel das Taxas de Juro no Mercado Imobiliário

As taxas de juro são um fator determinante para o comportamento do mercado imobiliário, uma vez que influenciam diretamente o custo do crédito à habitação. O Banco Central Europeu (BCE) tem adotado uma política monetária com o objetivo de controlar a inflação e manter a estabilidade económica na zona euro. No entanto, as taxas de juro têm um impacto direto nas prestações dos créditos à habitação e, consequentemente, no poder de compra das famílias.

Durante os últimos anos, as taxas de juro mantiveram-se em níveis historicamente baixos, o que facilitou o acesso ao crédito e incentivou a compra de imóveis. No entanto, com o aumento da inflação e o risco de uma recessão económica, o BCE começou a aumentar as taxas de juro em 2022 e 2023. Este aumento tem refletido diretamente nas prestações dos créditos à habitação, tornando o financiamento mais caro para as famílias.

Em 2024, o BCE começou a baixar as taxas de juro, o que ajudou a aliviar a pressão sobre as famílias com crédito à habitação. Contudo, as previsões para 2025 apontam para um eventual aumento moderado das taxas de juro, o que pode ter um impacto negativo na acessibilidade da habitação, principalmente para aqueles que compraram casa com taxas de juro variáveis.

O Impacto da Política do BCE no Mercado Imobiliário

A política monetária do BCE tem uma influência significativa no mercado imobiliário, especialmente através das suas decisões sobre as taxas de juro. Quando o BCE decide baixar as taxas, o custo do crédito diminui, tornando-se mais acessível para os consumidores e estimulando a procura por imóveis. Por outro lado, quando o BCE sobe as taxas, o crédito torna-se mais caro, o que pode reduzir a procura e, consequentemente, os preços das casas.

Em 2024, o BCE adotou uma política de corte das taxas de juro, o que proporcionou um alívio para as famílias com crédito à habitação. No entanto, as previsões para 2025 indicam que a política monetária poderá ser ajustada, com o BCE a continuar a trajetória de cortes nas taxas de juro até atingir um nível neutro de cerca de 2%. Este cenário poderá aliviar a pressão sobre os preços das casas, mas também pode resultar em uma maior procura por crédito, o que poderá voltar a pressionar os preços.

Expectativas para o Mercado Imobiliário em 2025

Olhando para 2025, as expectativas para o mercado imobiliário em Portugal continuam a ser incertas. Embora o mercado tenha mostrado uma grande resiliência nos últimos anos, a combinação de uma oferta limitada, aumento dos custos de construção e um cenário económico volátil podem continuar a pressionar os preços para cima. O facto de as taxas de juro ainda se manterem relativamente baixas poderá continuar a estimular a procura, mas também pode gerar uma bolha imobiliária, o que pode resultar em uma correção dos preços no futuro.

A Comissão Europeia aponta que, embora o mercado imobiliário português tenha sido resiliente, continuará a ser vulnerável a flutuações económicas. As alterações nas taxas de juro, as recessões económicas e as mudanças no emprego são fatores que podem afetar a evolução do mercado. Por isso, será importante monitorizar de perto as decisões políticas e económicas que possam influenciar o setor.

Conclusão

O mercado imobiliário português continua a ser um tema de grande relevância, especialmente para quem procura casa ou para investidores que desejam explorar o setor. A escassez de oferta, o aumento dos custos de construção e o impacto dos investidores não residentes são fatores que têm pressionado os preços para cima. As taxas de juro, que têm uma influência direta na acessibilidade à habitação, também desempenham um papel crucial na evolução do mercado.

Para 2025, as previsões são de continuidade de uma política de cortes das taxas de juro, o que poderá aliviar a pressão sobre as famílias com crédito à habitação. No entanto, a escassez de oferta e o aumento dos custos de construção podem continuar a ser obstáculos significativos para o acesso à habitação. O mercado continuará a ser monitorizado de perto, dado que as flutuações económicas poderão alterar as perspetivas para o futuro.

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