IRS Jovem: Há riscos ao pedir a retenção na fonte? - Poupa Dinheiro

Introdução

O regime do IRS Jovem em Portugal tem sido um tema de crescente debate, especialmente com as recentes alterações que o tornaram mais acessível para um maior número de jovens trabalhadores. Com o objetivo de aliviar a carga tributária dos mais jovens, o governo permitiu que os trabalhadores possam beneficiar do IRS Jovem na retenção na fonte, uma medida que pode trazer vantagens financeiras mensais, mas que também levanta algumas questões. Será realmente vantajoso pedir a retenção na fonte ou será melhor aguardar o reembolso no final do ano? Neste artigo, vamos explorar os prós e contras desta escolha, esclarecer mitos e analisar o impacto financeiro da decisão.

O que é o IRS Jovem?

O IRS Jovem é um benefício fiscal criado para aliviar a carga tributária dos jovens trabalhadores em Portugal. Inicialmente, o regime tinha como principal objetivo ajudar aqueles que estavam a entrar no mercado de trabalho, oferecendo uma redução significativa no imposto a pagar, dependendo da sua situação. Em 2025, o regime foi alargado para englobar mais jovens e com novas regras, como a eliminação da exigência de comprovação do grau de escolaridade, facilitando o acesso ao benefício.

Este regime tem a particularidade de ser aplicável a jovens até aos 26 anos de idade, desde que não sejam considerados dependentes. A isenção de IRS pode variar dependendo de fatores como o número de anos em que o jovem está a beneficiar do regime, com a isenção máxima a acontecer no primeiro ano. Ao longo dos anos seguintes, a isenção vai diminuindo gradualmente, mas, ainda assim, pode representar uma poupança significativa.

Como funciona o IRS Jovem na Retenção na Fonte?

A principal novidade do regime IRS Jovem em 2025 foi a possibilidade de aplicar a isenção diretamente na retenção na fonte, ou seja, o jovem trabalhador pode optar por reduzir a quantidade de IRS descontado diretamente do seu salário mensal. Isso significa que o trabalhador terá um rendimento líquido mais alto, já que a retenção na fonte será menor, e ele não terá que esperar pelo reembolso do IRS no final do ano.

Contudo, a questão que se coloca é: será que esta opção de pedir a retenção na fonte é realmente vantajosa? Para responder a essa pergunta, vamos explorar as vantagens e desvantagens dessa escolha e os impactos a longo prazo.

Vantagens de pedir a retenção na fonte

Maior rendimento líquido mensal

A principal vantagem de solicitar o IRS Jovem na retenção na fonte é o aumento do salário líquido. Como o imposto é retido de forma mais suave ao longo do ano, o jovem trabalhador recebe mais dinheiro todos os meses, o que pode ser uma vantagem significativa para quem tem necessidades financeiras imediatas.

Menos burocracia no final do ano

Ao optar pela retenção na fonte, o trabalhador não precisa esperar pelo reembolso de IRS no final do ano. Isso significa que o valor do imposto já está a ser descontado mensalmente, o que pode facilitar a gestão do orçamento pessoal. Este facto pode ser particularmente útil para quem prefere evitar surpresas no final do ano e quer ter uma visão mais clara do que será o seu rendimento.

Desvantagens de pedir a retenção na fonte

Menor reembolso no final do ano

Uma das grandes desvantagens da retenção na fonte é que, ao longo do ano, o trabalhador não acumula o mesmo valor de reembolso que teria caso optasse por não pedir a retenção. Isso ocorre porque, ao reduzir o valor de retenção mensal, o reembolso será proporcionalmente menor. Portanto, embora o trabalhador tenha mais dinheiro no bolso durante o ano, o valor do reembolso será reduzido, o que pode ser uma desvantagem para quem conta com esse valor para despesas anuais ou para poupanças.

Risco de ter de pagar imposto adicional

Embora o sistema de IRS em Portugal funcione com base no princípio do adiantamento, o que significa que o valor descontado ao longo do ano é um adiantamento do imposto final, há o risco de, ao pedir a retenção na fonte, o trabalhador acabar por ter de pagar mais imposto no final do ano. Isso acontece porque a retenção na fonte pode ser inferior ao imposto efetivamente devido, especialmente se o trabalhador não conseguir calcular corretamente a sua situação fiscal. Esse risco é minimizado caso a pessoa consiga estimar corretamente a sua dedução e o seu escalão de IRS.

Exemplo prático: IRS Jovem na retenção na fonte vs. reembolso

Para entender melhor as implicações de pedir o IRS Jovem na retenção na fonte, vamos analisar um exemplo prático de um jovem trabalhador. Consideramos um salário bruto de 1.500 euros, sem filhos e com isenção de 50% após o quinto ano de benefício do IRS Jovem. Vamos calcular o impacto tanto para o trabalhador que opta pela retenção na fonte como para aquele que opta por receber o benefício apenas no reembolso.

IRS Jovem apenas no reembolso

Se o trabalhador opta por não pedir a retenção na fonte e aguarda o reembolso no final do ano, ele pagará 186 euros por mês em IRS, totalizando 2.604 euros por ano. Após a entrega da declaração, o trabalhador terá direito a um reembolso de 1.872,82 euros, resultando em um rendimento anual de 17.958,82 euros após o reembolso.

IRS Jovem na retenção na fonte

Se o trabalhador opta por pedir a retenção na fonte, o seu rendimento líquido mensal aumenta para 1.242 euros, já que a retenção na fonte será inferior. No final do ano, o reembolso será de apenas 570,82 euros, resultando em um total de 17.958,82 euros no final do ano, o mesmo valor que o trabalhador teria se tivesse escolhido o reembolso no final.

Neste exemplo, podemos ver que, independentemente de escolher a retenção na fonte ou o reembolso, o valor final que o trabalhador recebe é o mesmo. A principal diferença é que, no caso da retenção na fonte, o trabalhador terá mais dinheiro ao longo do ano e não precisará esperar pelo reembolso no final.

Como decidir entre a retenção na fonte e o reembolso?

A decisão de escolher entre a retenção na fonte ou esperar pelo reembolso depende, essencialmente, das necessidades financeiras do trabalhador. Se o trabalhador precisa de mais dinheiro no bolso mensalmente, a retenção na fonte pode ser a melhor opção, pois permite um aumento do salário líquido. Por outro lado, se o trabalhador preferir um reembolso maior no final do ano e não tiver pressa em receber mais dinheiro ao longo do ano, então optar por não pedir a retenção na fonte pode ser mais vantajoso.

No final, o mais importante é que o jovem trabalhador compreenda como funciona o IRS Jovem e as implicações de cada escolha. A decisão não deverá ser tomada com base apenas na dúvida sobre pagar mais ou menos imposto, mas sim tendo em conta o seu orçamento e as suas necessidades financeiras.

Conclusão

Em suma, o IRS Jovem oferece uma excelente oportunidade para os jovens trabalhadores reduzirem a sua carga fiscal. Contudo, a opção entre pedir a retenção na fonte ou aguardar pelo reembolso depende das prioridades financeiras individuais de cada um. Embora ambas as opções resultem no mesmo valor total de imposto pago, a retenção na fonte pode ser vantajosa para quem preferir ter mais dinheiro disponível mensalmente.

Se estiver a ponderar pedir a retenção na fonte, lembre-se de que não está sozinho a fazer esta escolha e que pode sempre consultar um especialista para garantir que está a tomar a decisão mais acertada para a sua situação fiscal. Para os mais jovens, também pode ser o momento certo para pensar em estratégias de poupança e investimento a longo prazo, para que a segurança financeira do futuro seja construída desde já.

Para mais informações, fala com a equipa do PoupaDinheiroPT. Todos os impostos, seja o IS, ou o IMT, ou o IMI, têm um peso grande quando pretendes calcular a prestação de crédito habitação, ou quando solicitas um crédito. Este facto é importante saber quando calculas a prestação do imóvel a pagar.
Qualquer questão, fala connosco.

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