Introdução
Em outubro, o mercado de crédito à habitação registou um crescimento significativo, atingindo o maior valor desde dezembro de 2014. Segundo os dados do Banco de Portugal, o montante de novos contratos aumentou 131 milhões de euros, passando de 1.545 milhões em setembro para 1.646 milhões de euros em outubro. O principal fator impulsionador desta tendência foi o aumento da concessão de crédito a mutuários com menos de 35 anos, que representaram 48% dos novos contratos destinados à habitação própria permanente.
O impacto dos apoios fiscais na aquisição de habitação pelos jovens
A crescente adesão dos jovens ao crédito à habitação pode ser atribuída à isenção de impostos e emolumentos que entrou em vigor em agosto. Esta isenção permite aos jovens adquirirem a sua primeira casa sem pagar o Imposto Municipal sobre Transmissões Onerosas de Imóveis (IMT) nem o imposto do selo, desde que o valor do imóvel não ultrapasse o quarto escalão do IMT, que em 2024 corresponde a 316.772 euros. Para valores superiores, aplica-se uma isenção parcial.
Adicionalmente, os emolumentos relacionados com a escritura da aquisição e da hipoteca também são eliminados, reduzindo significativamente os custos iniciais para os jovens compradores. No entanto, para beneficiar destas condições, é necessário que a habitação adquirida seja a primeira casa, destinada a habitação própria e permanente, e que o comprador não tenha sido proprietário de imóveis nos três anos anteriores.
Aumento das renegociações de crédito e descida das taxas de juro
Não foram apenas os novos contratos de crédito que cresceram em outubro. As renegociações de crédito também registaram um aumento, subindo de 435 milhões de euros para 535 milhões de euros. Este crescimento foi acompanhado por uma descida das taxas de juro, que baixaram pelo décimo segundo mês consecutivo. A taxa média das novas operações, que inclui tanto novos contratos como contratos renegociados, passou de 3,48% em setembro para 3,39% em outubro. Este valor está abaixo da média da Zona Euro (3,50%), tornando Portugal o sétimo país com a taxa mais baixa do conjunto.
Esta tendência de descida está diretamente relacionada com a redução das taxas Euribor, influenciada pelas decisões do Banco Central Europeu (BCE), que em 2024 já reduziu a taxa de juro de referência três vezes. A média mensal da Euribor a seis meses caiu de 4,115% em outubro de 2023 para 3,002% no mesmo período deste ano, tornando as condições de financiamento mais favoráveis para os consumidores.
Preferência pela taxa mista e evolução das prestações
Desde outubro de 2023, a taxa mista tem sido a escolha predominante nas novas operações de crédito à habitação. Em outubro de 2024, 77% dos contratos foram celebrados com esta modalidade, enquanto a taxa variável representou apenas 18% e a taxa fixa 5%. Esta tendência reflete uma maior procura por segurança financeira num contexto de incerteza económica.
Quanto à prestação média mensal dos contratos de crédito, registou-se uma ligeira descida, passando de 422 euros para 420 euros. Este é o valor mais baixo desde novembro de 2023, o que demonstra um pequeno alívio para os orçamentos familiares.
Depósitos a prazo e o impacto nas finanças pessoais
Para além do crédito à habitação, o relatório do Banco de Portugal também revelou dados sobre os depósitos a prazo. Em outubro, o montante de novas operações por particulares aumentou 1.573 milhões de euros, totalizando 13.154 milhões de euros. No entanto, as taxas de juro continuam a descer, registando a décima queda mensal consecutiva. A taxa média passou de 2,55% para 2,39%.
Atualmente, os depósitos com prazo de até um ano continuam a oferecer as melhores taxas, situando-se em 2,41%. Contudo, comparando com a Zona Euro, Portugal está abaixo da média (2,73%), ocupando a sexta posição entre os países com taxas mais baixas.
Conclusão
O crescimento do crédito à habitação impulsionado pelos jovens, aliado à descida das taxas de juro e à crescente renegociação de contratos, reflete um mercado em adaptação às condições económicas. O apoio governamental para a compra de habitação própria pelos mais jovens desempenhou um papel fundamental nesta evolução. Paralelamente, a descida das taxas nos depósitos a prazo levanta questões sobre a rentabilidade das poupanças em contexto de inflação.
A tendência para os próximos meses dependerá da política monetária do BCE e da evolução do mercado imobiliário, que continuará a ser um dos principais focos das famílias portuguesas. Acompanhar estas mudanças será essencial para tomar decisões financeiras informadas.
Para mais informações, fala com a equipa do PoupaDinheiroPT. Todos os impostos, seja o IS, ou o IMT, ou o IMI, têm um peso grande quando pretendes calcular a prestação de crédito habitação, ou quando solicitas um crédito. Este facto é importante saber quando calculas a prestação do imóvel a pagar. Qualquer questão, fala connosco.
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