Introdução
Os preços da habitação em Portugal têm subido de forma impressionante nos últimos anos, o que tem gerado preocupações em várias camadas da sociedade. Entre 2015 e 2023, os preços da habitação em Portugal aumentaram mais de 100%, um valor que ultrapassa em muito a média europeia. Este fenómeno está a afetar não só as famílias portuguesas, que enfrentam dificuldades cada vez maiores para aceder à casa própria, mas também o mercado em geral, com consequências para a economia do país. Neste artigo, vamos analisar as causas por detrás deste aumento acentuado, as suas implicações para a população portuguesa e as medidas que estão a ser discutidas tanto ao nível nacional como europeu para resolver o problema. Além disso, vamos dar uma visão geral sobre as políticas habitacionais em Portugal e da União Europeia.
O aumento dos preços da habitação em Portugal
Entre 2015 e 2023, os preços da habitação em Portugal subiram de forma alarmante, com uma média de 106%, o que coloca o país entre os quatro países da União Europeia com o maior aumento no período. Em termos absolutos, um imóvel que custava 100 mil euros em 2015 passou a custar, em média, 206 mil euros em 2023. Este crescimento acentuado está a gerar uma grande pressão no mercado, afetando diretamente a capacidade das famílias em adquirir a sua casa própria.
O aumento dos preços está relacionado com vários fatores, que podem ser observados tanto no mercado nacional como internacional. Entre os principais responsáveis estão os custos elevados com a construção, as taxas de juro mais altas e a diminuição da oferta de imóveis para venda. A combinação destes fatores criou um desequilíbrio entre a oferta e a procura no mercado imobiliário, resultando num aumento exponencial dos preços.
O impacto dos custos elevados com a construção
A construção de novos imóveis tem-se tornado cada vez mais cara, devido ao aumento dos preços dos materiais de construção e à escassez de mão-de-obra especializada. Este fenómeno tem levado a uma diminuição na construção de novas habitações, o que, por sua vez, tem agravado a falta de oferta no mercado.
A elevada inflação nos preços dos materiais e a dificuldade em encontrar trabalhadores qualificados têm dificultado a construção de novos edifícios, fazendo com que o número de imóveis disponíveis para venda não acompanhe o aumento da procura. Como resultado, os preços têm disparado, uma vez que a oferta não consegue responder à crescente demanda, especialmente em áreas urbanas mais procuradas, como Lisboa, Porto e as regiões do Algarve.
O aumento das taxas de juro e o impacto no financiamento
Outro fator importante que contribui para o aumento dos preços da habitação é o crescimento das taxas de juro, que têm vindo a subir nos últimos anos. Este aumento torna o financiamento mais caro, dificultando o acesso das famílias ao crédito à habitação e limitando a capacidade de compra de muitos cidadãos.
O aumento das taxas de juro está relacionado com a política monetária do Banco Central Europeu (BCE), que tem ajustado as taxas de juros de acordo com as condições económicas da zona euro. Com a inflação em alta e a necessidade de controlar o crescimento económico, o BCE tem vindo a aumentar as taxas de juro, o que se reflete diretamente no mercado imobiliário. Embora as taxas de juro mais altas sejam uma medida necessária para controlar a inflação, elas também dificultam o acesso ao crédito e tornam as prestações mensais mais pesadas para os compradores de imóveis.
A situação da habitação na União Europeia
Portugal não é o único país da União Europeia que tem enfrentado aumentos acentuados nos preços da habitação. Entre 2015 e 2023, os preços da habitação na União Europeia aumentaram, em média, 48%. No entanto, os aumentos em países como a Hungria (173%), a Lituânia (114%) e a Rep. Checa (112%) foram ainda mais significativos do que em Portugal.
Em comparação com outros países da União Europeia, Portugal ocupa o quarto lugar em termos de aumento percentual dos preços da habitação. Isto coloca o país numa posição preocupante, já que as famílias portuguesas estão a enfrentar desafios semelhantes aos de outros países da região. A crescente pressão no mercado imobiliário está a afetar a capacidade de muitos cidadãos de acederem a uma habitação digna e acessível.
O papel da escassez de oferta e da procura externa
Além dos fatores internos, há também uma componente externa que tem influenciado o aumento dos preços da habitação em Portugal. A forte presença de compradores não residentes no mercado imobiliário tem contribuído para a subida dos preços, especialmente nas grandes cidades e nas zonas turísticas. Muitos investidores estrangeiros estão a comprar imóveis em Portugal, o que tem criado uma pressão adicional sobre a oferta de habitação.
A presença de compradores estrangeiros tem sido vista de forma ambígua, já que, por um lado, ajuda a dinamizar a economia e o mercado imobiliário, mas, por outro lado, está a dificultar o acesso dos cidadãos portugueses à casa própria. A procura externa tem aumentado a competição no mercado, fazendo com que os preços subam ainda mais, o que cria dificuldades para muitas famílias que não têm poder de compra suficiente para competir com os investidores estrangeiros.
O impacto no poder de compra das famílias
Com o aumento dos preços da habitação, muitas famílias em Portugal estão a enfrentar dificuldades crescentes para adquirir um imóvel. O poder de compra das famílias tem diminuído, especialmente nas zonas mais procuradas, como Lisboa e Porto, onde os preços dispararam nos últimos anos.
Em 2023, cerca de 10,6% das famílias que viviam em cidades e 7% das famílias em zonas rurais enfrentavam uma taxa de esforço superior a 40%, o que significa que estavam a gastar mais de 40% do seu rendimento mensal em habitação. Este valor está acima dos limites considerados sustentáveis, o que indica que muitas famílias estão a sobrecarregar o seu orçamento para pagar a casa.
A elevada taxa de esforço é um reflexo da falta de acesso a uma habitação acessível, que tem vindo a agravar-se com o aumento dos preços. Muitas famílias têm de recorrer a empréstimos para conseguir financiar a compra de uma casa, o que leva a um endividamento crescente e a uma pressão financeira adicional. O impacto da crise habitacional é, portanto, um dos maiores desafios que as famílias enfrentam atualmente em Portugal.
Respostas políticas e soluções em discussão
A crise da habitação tem gerado um grande debate político, tanto a nível nacional como europeu. Em 2024, o Parlamento Europeu aprovou a criação de uma comissão especial para estudar a questão da habitação.
Em Portugal, o governo tem vindo a implementar algumas medidas para tentar mitigar os efeitos do aumento dos preços da habitação. Entre as principais soluções discutidas estão a criação de programas de apoio à habitação acessível, o incentivo à construção de habitação pública e a promoção de políticas que favoreçam o arrendamento a preços mais baixos.
Conclusão
O aumento dos preços da habitação em Portugal tem sido um fenómeno alarmante, que reflete tanto as condições internas do mercado como os fatores externos. As famílias portuguesas estão a enfrentar dificuldades crescentes para aceder à habitação, o que tem gerado uma grande pressão social e económica. No entanto, existem soluções em discussão, tanto a nível nacional como europeu, para tentar resolver este problema e garantir que todos os cidadãos tenham acesso a uma habitação digna e acessível.
A criação de uma comissão especial pelo Parlamento Europeu e as políticas habitacionais do governo português são um passo na direção certa. Contudo, será necessário um esforço conjunto para encontrar soluções eficazes que possam lidar com os desafios da habitação, equilibrando a oferta e a procura e garantindo que as famílias possam viver em condições mais justas e sustentáveis.
Este é um tema que merece atenção e ação urgente, dado o impacto profundo que tem na vida de milhões de pessoas em Portugal e na União Europeia.
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